Depois de uns 15 dias sem pensar na tese e na apresentação que terei de fazer para a defender, voltei a pegar na mesma. Reli-a, para melhor perceber quais os aspectos fundamentais, uma vez que tenho de condensar a apresentação que alinhavei - e que apresentei na espécie de test-drive que tive a oportunidade de fazer num seminário da minha orientadora - de cerca de 30 minutos, para não mais que um quarto de hora.
Sim, já tenho uma maior ideia do que interessa e do que pode ser supérfluo, mas o que sobretudo retenho desta leitura? O feito. Cheguei ao fim a duvidar de ter realmente escrito aquilo tudo, mas de facto fui eu! Fui eu que fiz aquela pesquisa. Fui eu que comecei a escrever em Março/Abril, vários meses depois do que realmente gostaria de ter feito. Fui eu que em Agosto, nos dias de folga, voltava ao local de trabalho para trabalhar na tese, porque isso é o que acontece quando o tema do nosso estudo é o nosso local de trabalho. Fui eu que em Outubro, enquanto assistia a um congresso no Fundão, acordava mais cedo no hotel e escrevia a porcaria da conclusão que teimava em não sair bem, tal era a exaustão de já ter escrito tanto e parecer que não saía mais nada de forma coerente.
Fui eu que fiz aquilo. Que li, que pesquisei, que pensei, que reflecti e que escrevi. Não consigo colocar por palavras o sentimento que me encheu, o orgulho, quando terminei a releitura.
Está claro que não é a oitava maravilha do mundo nem vai revolucionar a área científica, e provavelmente vou ser massacrada na defesa, mas não interessa. Consegui chegar à defesa! Eu! Euzinha! Eu que há um ano andava tão perdida, tão cheia de dúvidas e de incertezas. Até há uns dias atrás achava que as pessoas que leram e que me falavam da tese estavam a ser simpáticas comigo, mas não. Consigo agora ver que tem valor, tem coerência, pode ser aplicado. Tem trabalho por trás. Consegui pôr por escrito, e com bibliografia a apoiar, o que há alguns anos andava a teorizar.
E é isto.
Mas de uma outra forma, parece o canto do cisne.
Agora que fiz um trabalho, em que acredito e que acho que pode realmente ajudar o meu local de trabalho, o local do âmbito do meu estudo, aguardo (com indisfarçável impaciência) que mudanças se confirmem e que me chamem de outro lado, para outra coisa.
É normal sentir-me meio dividida, certo? Orgulho de um lado, pena por não concretizar no outro. Saturação do sítio onde estou, mas sentido de dever cumprido. Tristeza, mas expectativa quanto a novos desafios. É normal este conflito, certo?