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Coisas que...

Coisas que...

01
Fev24

[Pondero] Como um bom ano se transforma em mau

2023 era um ano que podia ficar na minha memória por muitos bons motivos...

Escrevi, entreguei e defendi a tese! Para isto foi fundamental descobrir playlist ideal e as minhas "ferramentas" de escrita, entre as quais se conta o meu Nero (que foi destaque por aqui, obrigada!). 

Arrisquei e respondi a um call for papers, sozinha, para uma revista científica. Não deu certo, mas em maio fiz a minha primeira apresentação num congresso nacional da minha área e com artigo publicado em atas, fruto de um trabalho conjunto com colegas.

Voltei a ouvir podcasts e audiolivros, e a participar em desafios literários.

Regressei a Londres, após 10 anos, e assisti ao meu primeiro teatro musical ao vivo. Visitei museus que sempre quis visitar e que não tive oportunidade de o fazer na primeira vez que lá fui. Cumpri o sonho de assistir a uma peça de Shakespeare no Globe Theatre, bem juntinha ao palco, praticamente em cima dele, e à chuva!

Comentei em como me sentia feliz, sobretudo depois de ter começado a fazer exercício físico (pilates) de forma regular e de ter adotado o Nero, que para além de ser a minha companhia de passeios e brincadeiras, ajuda a evitar o scroll, ou melhor a comparação com as outras pessoas via redes sociais, que fui deixando de lado.

Até que veio uma semana daquelas, mas longe estava eu de pensar que pior estaria para chegar...

Na última semana do ano de 2023 perdi o meu pai. De um momento para o outro, sem estar à espera, poucos dias depois de ele ter completado 67 anos. Já fez um mês, mas ainda dói e acho que vai sempre doer. 

Para 2023 o tema era (re)descobrir. Parece-me neste momento um tema estúpido e (muito) mal escolhido, tendo agora forçosamente que descobrir, em 2024, como é viver sem uma pessoa que amava e que sempre esperei ter a meu lado.

Acho que este ano vou prescindir de temas. Só quero que 2024 seja gentil, e que não me leve mais pessoas que amo.

27
Dez22

[Pondero] Gentlemen, a short view back to the past....(*)

Ora, acho que uma reflexão se impõe. Não só deste último ano, mas talvez de 2020 (ou mesmo 2019?) para cá, até porque só agora percebo como estes últimos anos e a pandemia me poderão ter mudado.

Vamos então começar do início, o que leva a recapitular algumas coisas.

2018 fui um ano estranho. Cheio de altos e baixos, mas que, felizmente, terminou com a entrega de uma tese de mestrado e com a perspetiva de mudança de trabalho. A defesa da tese e a mudança de emprego concretizaram-se, sensivelmente, na mesma altura em 2019. Foi engraçado defender a tese sobre um museu em que semanas depois deixaria de trabalhar. Aliás, deixaria o mundo dos museus profissionalmente para trás.

2019 foi por isso um ano de adaptação a um novo local de trabalho, a novas tarefas, a um novo horário, a um novo tudo... A um novo eu, porque, convenhamos, museus era o que eu conhecia e onde, desde pequena, me via e imaginava a trabalhar. No novo local comecei um período de estágio de 18 meses, mas ainda estava a acabar os primeiros 12 quando, de repente, pandemiaPois bem, ainda mal refeita da adaptação a novas tarefas e métodos de trabalho, eis que surge a necessidade de nova adaptação.

E correu bem! O primeiro confinamento correu tão bem! Fui produtiva, li bastantes livros, aproveitei e vi peças de teatro online! Durante o desconfinamento comecei a fazer caminhadas..., mas, entretanto, algo muda e inscrevo-me num novo mestrado. Cerca de ano e meio depois do primeiro.... Claramente não estava no meu melhor momento. Mas o primeiro semestre até correu bem! O horário era algo apertado, entre sair do trabalho e ir para as aulas, mas foi-se fazendo. E depois veio 2021 e um novo confinamento... E eis que algures se entorna o caldo.

Levantar-me cedo, estar a um ecrã de computador das 8h às 24h, por causa de trabalho, aulas à distância e reuniões devido a trabalhos de grupo, deu cabo de mim, ou pelo menos da minha motivação e energia. Talvez tenha também perdido um pouco de mim. Ou pelo menos o tenha entendido assim naquele momento. Porque as dúvidas sobre se tinha tomado a decisão correta em 2018/2019 como que voltaram.

Engordei, autoestima em baixo, frustração em alta.... Coloquei a primeira experiência de tema do ano de lado por um bocado, bem como leituras (salvo alguns períodos mais proveitosos em que sentia necessidade de fugir de mim e da situação em que me encontrava) e redes sociais. A última não faz mossa, antes pelo contrário, mas não ler é sinal de alerta para mim. Salvou-se o cinema e a televisão, mas só me lembro de apanhar o comboio do Marvel Cinematic Universe, para o perder logo a seguir. Também o desenvolvimento da nova tese de mestrado foi ficando de lado. Esperava que dar um novo salto aos museus, ainda que de outra perspetiva, me pudesse motivar, mas nem por isso.

Em 2022 comecei com um novo tema, consistência. 2021 foi um ano onde houve boas intenções, mas em que ia colocando as coisas de lado pouco depois de as começar, pelo que consistência me parecia uma boa palavra para um novo tema e para um novo ano. Consistência significa "característica do que tem uma estrutura ou coerência interna", logo pensei que teria de me concentrar no processo para atingir o fim ou objetivo que desejava. O processo, a meu ver, seria a rotina (as leituras/vídeos sobre produtividade podem ter contribuído para isto), que com os confinamentos e os altos e baixos da pandemia foi ficando desregulada; bem como o dedicar-me de forma intencional, e sem desculpas, às tarefas e ações que precisava de levar a cabo para atingir aquilo que pretendia. Isso implicaria incorporar as tarefas e, sobretudo, as ações na minha rotina. Melhor dito (escrito?) que feito...

2022 ameaçava seguir pelo mesmo caminho que 2021... até que em maio adotei um cão e, não é que a vida tenha mudado, mas pelo menos a parte da rotina está a funcionar.

Acordo cedo para o levar à rua, pelo que começo o dia com silêncio e vejo o nascer do sol. Como tenho de estar de olho nele, ou ele arranca-me o braço tentando ir atrás de outros cães com quem gosta de brincar, tenho de me focar no momento presente e, vá-se lá perceber, só agora dei conta da variedade de aves que existem em Lisboa. Também me força a sair de casa e a conviver com pessoas, o que me leva a sair do casulo em que me fui enfiando durante a pandemia. Nunca fui dada a muitas conversas e convívios, mas estive a ponto de virar ainda mais bicho do mato. Além disso, também me está a ensinar a ter paciência e a lidar com a frustração. Sim, que ele só é esperto para fazer asneiras e para aquilo que lhe interessa. Mas não o trocava por nada deste mundo.

Para 2023 não sei o que me espera, mas já tenho novo tema - (re)descobrir. Pretendo, pelo menos, redescobrir o gosto pelo estudo, pois a tese vai prosseguindo devagar, mas vai seguindo e tenho de a entregar em março. Depois logo se vê que mais há por (re)descobrir.

(*) Só para verem o quanto mudei, de 2020 para cá voltei a ver e, sobretudo, a gostar de F1 (!), daí o título. Era bom demais para não o utilizar... E não, não se deve ao Drive to Survive, que ainda não vi nenhuma temporada, mas com a pandemia e o irmão a sair de casa, tive de passar a dar assistência na visualização das corridas na F1TV, até a SportTV ter novamente os direitos em 2022, mas aí já estava novamente fã.

01
Jan21

[Pondero] Tema do ano: curadoria

Não sei muito bem o que esperar deste novo ano, pois pela primeira vez não sinto a emoção de começar do zero, como se tivesse uma nova oportunidade de começar de novo. Os dias parecem todos iguais e por isso não há aquela sensação de página em branco. Na verdade, porque é que haveria de o ser? Para mudar não interessa se a terra concluiu uma volta ao Sol. Sou eu que tenho de fazer o esforço de mudar o que pretendo e para isso pouco importa se é um novo ano, mês, semana ou dia. Interessa é dar o primeiro passo.

Mas é claro que apesar de toda esta arbitrariedade no que toca ao tempo, ter um dia marcado no calendário ajuda, mais não seja por apresentar um ponto concreto, e um novo ano presta-se a isso.

Com base num vídeo, decidi este ano não tanto fazer resoluções mas seguir uma palavra, um tema. Escolhi a palavra ‘curadoria’, não só por ser uma das palavras do mestrado que me encontro a fazer, mas porque desde que vi alguém a utilizar a palavra, que a mesma não me sai da cabeça.

E o que é curadoria?

to be in charge of selecting and caring for objects to be shown in a museum or to form part of a collection of art, an exhibition, etc.;

to be in charge of selecting films, performers, events, etc. to be included in a festival;

to select things such as documents, music, products, or internet content to be included as part of a list or collection, or on a website

https://dictionary.cambridge.org/dictionary/english/curate

Sendo sobretudo usado no âmbito museológico, encaro a palavra como significando organizar, selecionar e administrar algo. Para este ano que começa, curadoria significará organizar o meu tempo de modo a dedicar-me ao que verdadeiramente me interessa e acrescenta algo à minha vida, escolher o que é melhor para mim e para quem me rodeia, e deixar para trás o que já não me serve ou interessa.

Parece-me ser uma palavra que pode englobar muitas coisas, como ‘fazer caminhadas’, ‘ligar a uma pessoa com quem gosto de conversar’, ‘deixar de comer emocionalmente’, mas que para além disso convida a pensar sobre as escolhas que faço em determinado momento. Porque para fazer curadoria é necessário critério e, sobretudo, ponderação.

Veremos no que isto dá. As resoluções nunca pareceram resultar comigo, comigo a desanimar ou a esquecer aquilo a que me havia proposto poucas semanas ou meses depois do ano começar. Com um tema, parece que se abre o leque de oportunidades, porque mesmo que não se atinja um objetivo, desde que nos mantenhamos num determinado sentido, parece-me positivo.

22
Jun19

[Pondero] Espécie de balanço a meio do ano

É interessante reler o que escrevi por aqui nos últimos meses do ano passado e no início deste ano. As dúvidas que me assolavam e que volta e meia ainda persistem. Terei feito a decisão certa? É este o meu caminho? Pouco mais de 4 meses depois continuo sem uma resposta para isso mas por enquanto não me arrependo. Penso que será isso o mais importante.

Estou a desempenhar outras tarefas, que afinal de contas não diferem assim tanto do que fazia ou gostava de fazer. O objeto de estudo, digamos assim, é outro, um tema que nunca pelo qual nunca pensei vir a interessar-me, mas está a ser entusiasmante conhecer todo um processo e toda uma instituição.

Têm sido muito importantes os meus novos colegas, mas também os antigos. Estes últimos porque me deram força e todo o apoio e, que conhecendo como me encontrava antes, me dizem que agora estou com muito melhor cara, que pareço outra pessoa. Os outros porque nunca pensei que em tão pouco tempo pudesse ser tão bem aceite, exatamente como sou.

Está claro que não penso deixar os meus estudos para trás, e apesar de ter preguiçado um pouco nestes meses, sinto que está na hora de voltar a estudar, ou participar em projetos que me ajudem como que a manter um pé nesse outro mundo, de que pensava estar a sair, que afinal não dista assim tanto daquele em que de momento estou.

01
Jan19

[Pondero] Revendo 2018 e olhando para 2019

Eis que chega um novo ano e como que se impõe um olhar para o que passou.

2018 foi estranho.

As coisas já há muito tempo que não iam bem - assistir a coisas más acontecerem a pessoas de quem se gosta, perder pessoas de um momento para o outro, investir no que se gosta e verificar que afinal dali deixou-se de tirar qualquer gozo ou satisfação... - o que me levou a questionar (e muito) tudo o que faço e porquê, e se no final tudo isto vale a pena.

Houve momentos em que chorei, por tudo e por nada, por stress, por nervos. Houve momentos em que rebentei e explodi, desta vez com as pessoas certas (geralmente rebentava com quem não tinha culpa nenhuma), mas sem qualquer tipo de resultado a não ser eu perceber que não vale a pena. Quem não entende e não quer entender, nunca vai compreender o que desesperadamente tentei comunicar e, por isso, não podendo mudar os outros só me restou mudar a mim. Mudar o modo de encarar as coisas, mudar o que estava (e está) ao meu alcance.

2018 foi dos anos em que desci o mais baixo na minha auto-estima, em que duvidei de todas as minhas capacidades, em que pensei que nada disto valia a pena e que só ando aqui a ocupar espaço. No entanto, foi também o ano em que percebi que não tenho de ceder - aos meus pensamentos negativos nem a pressões ou expectativas de outros - e que não me devo sentir mal se faço e dou constantemente o meu melhor.

Foi o ano em que persisti. Foi o ano em que percebi que cada pequena acção, que cada pequeno esforço, ao fim de algum tempo concorre para algo maior. "Just do the thing" foi como que o meu lema. Tarefa insignificante? É fazer. Só consegui ler uma página para a tese? Então amanhã tentarei ler mais uma. Li mais? Óptimo! Melhor ainda. O que importa é não desistir, se o que se está a fazer trará algo de bom, algo com significado para nós.

Foi o ano em que desisti. Desisti de tentar justificar-me, de tentar ser compreendida. Desisti de bater a uma porta que teima em não abrir. Desisti de lutar contra a corrente. Quando me deixei ir, vi que podia haver coisas melhores.

Em 2017 disse que em 2018 queria concentrar-me no bom. Em alguns dias (meses mesmo!) foi difícil, mas nos últimos meses, olhando para o último ano - para onde estava e analisando onde estou - fiz como que uma lista de feitos e posso dizer que mudou completamente a minha perspectiva, sobre mim e sobre a minha vida. Houve muitos maus momentos, mas sou melhor por isso. Valorizo as coisas boas, as vitórias (sejam grandes ou pequenas) por causa disso. Tenho uma melhor noção do que consigo fazer quando me meto em algo de alma e coração, ainda que pene. Tenho uma melhor noção do meu valor, ainda que falhe.

E tenho uma melhor noção de que, se eu sair de um lugar, a vida continuará. Ninguém é insubstituível e não consigo pôr por palavras o quanto isso é libertador.

Sim, 2018 foi estranho. Mas tão enriquecedor. Se tivesse que escolher uma palavra para 2018 seria enriquecedor.

E para 2019, tendo que escolher uma palavra para me guiar, escolho calma. Depois do corrupio, dos altos e baixos, das emoções por vezes extremadas, preciso de calma. Preciso de pensar com calma, fazer as coisas com calma, sem precipitações. O ano começará com a defesa da tese mas, para além disso, não sei o que aí vem e como tal, para enfrentar 2019, preciso de ter a cabeça limpa e muita calma. Portanto agora é tempo de respirar fundo, e que venha o que tiver de vir.

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